Tradicionalmente, o mês de julho marca a trajectória descendente de público presente em salas pequenas, preferindo os amantes da música mais pesada canalizar os seus “trocos” para festivais de Verão afectos ao estilo ou a mega-concertos de grandes nomes do panorama hard’n’heavy.
Serve esta introdução para mostrar a agradável surpresa que foi verificar a boa casa que registava o Stairway Club no passado sábado 7 de julho. Numa noite com diversos outros pontos de distração para a comunidade, a sala de Cascais vestiu-se de gala para receber os Rasgo, em concerto de apresentação do seu disco de estreia, “Ecos da Selva Urbana”, com primeira parte dos thrashers locais Toxikull, eles também a querer rodar os temas do recente EP “The Nightraiser”.

“Vicious Life” arrancou a prestação dos Toxikull, rapidamente entrando na apresentação dos novos temas, com “Freedom to Kill” e “Hellmaster”. Ao vivo, as músicas ganham uma velocidade extra, como se de um comboio desgovernado mas plenamente sob controle tivesse a passar pela cave do Stairway. O novo EP mostra uns Toxikull mais agressivos (no bom sentido) e com a vertente speed metal mais vincada do que o peso hard’n’heavy patente no disco de estreia “Black Sheep”. Se dúvidas houvessem, bastou ouvir como “Manipulator” foi tocada no sábado! A já habitual cover version de “Rocker” dos Hollywood Rose (banda de Axl Rose pré-Guns) antecedeu um solo de Michael Thunder ao melhor estilo speed-thrash dos inícios dos anos 90. Na recta final do concerto, tempo para revistar os clássicos “Shepherd” e “Black Sheep”, com o baixista Antim a tomar conta do microfone como habitualmente. “Nightraiser” tem um riff inicial demoníaco, com Lex a gritar a plenos pulmões, bem ao estilo de bandas como Overkill, e explodiu na sala como uma bomba, prelúdio do fim com o tradicional “Surrender or Die”. Uma prestação musculada dos Toxikull num terreno familiar mas perante um público que não era maioritariamente o seu, mas que deixou muitos a abrir a pestana em relação a esta nova geração do metal nacional.

Aos apelos da plateia para mais uma, e visto que todo o disco foi passado em revista e não é normal a banda repetir faixas, Ruka pegou no microfone e prestou homenagem a uma das suas maiores influências, os norte-americanos Pantera, visivelmente emocionado ao falar do recente desaparecimento de Vinnie Paul. Com Luís Salgado, proprietário do Stairway, em palco com a banda, arrancou uma versão brutal de “Fucking Hostile”, provocando invasão de palco por uma plateia suada mas que deu por bem empregue a decisão de ter rumado a Cascais nessa noite.
Texto por Vasco Rodrigues
Fotografias por Daniela Jácome
Agradecimentos: Amazing Events