Nos tempos que correm não é hábito cruzar-nos com uma banda que se possa afirmar que têm um som realmente genuíno. Felizmente ainda vai acontecendo e, três anos depois do muito bem recebido “An Ache For The Distance”, os The Atlas Moth regressam com uma nova e refrescante entrega de hipnótico e atmosférico stoner metal que, tal como o disco de 2011, traz o selo de qualidade da Profound Lore.
Comparativamente aos seus registos anteriores, “The Old Believer” reduz bastante no sludge – o qual também nunca foi um dos elementos principais na música dos Atlas Moth – mas, ao contrário do disco mais recente de Tombs, não o faz desaparecer completamente, sendo raras as ocasiões em que se nota um pouco de sludge, como no final de “Wynona”, mas não inexistentes. As melodias de guitarra estão também muito mais presentes, combinando igualmente bem com a maior harmonia entre as vocalizações limpas de Andrew Ragin e os grunhidos viscerais e aflitivos de Stavros Giannopolous, sendo que a voz cantada está mais presente do que em “An Ache For The Distance”. Mas o melhor e mais interessante é a fórmula ecléctica e nada conformista com que o grupo de Illinois mistura todos estes factores.
Do princípio ao fim, “The Old Believer” é uma maravilhosa sessão de hipnose onde o ouvinte é mergulhado em temas não muito longos que surpreendem pela sua imprevisibilidade e forte carga emotiva. Seja no charme imediato de “Jet Black Passenger”, na frágil beleza de “The Sea Beyond”, na melancolia de “Sacred Vine” ou “Wynona”, ou na força de “Blood Will Tell”. Um disco muito mais complexo do que parece ser à primeira audição, de uma beleza subtil e que promete ser um dos grandes lançamentos do ano.
Review por Tiago Neves